7 de junho de 2011

melancolia

A história da melancolia inclui todos nós.
a mim, eu me contorço em sujos lençóis
enquanto observo as paredes azuis e o nada.
acostumei-me tanto à melancolia que
a cumprimento como uma velha amiga.
Ficarei de luto por 15 minutos por ter perdido aquela ruiva,
digo isso aos deuses. eu faço isso e me sinto completamente mal.
completamente triste, então me levanto
LIMPO
embora nada tenha sido resolvido.
é isso que consigo por chutar a bunda da religião.
eu deveria ter chutado a bunda da ruiva
onde seus miolos, seu pão e sua manteiga estão no…
Mas, não, eu tenho me sentido triste por tudo isso:
ter perdido a ruiva foi, somente, outra porrada que foi dada numa vida inteira
fracassada…
escuto os tambores no radio agora e forço um sorriso.
além da melancolia há algo de errado comigo.

Charles Bukowski


28 de abril de 2011

sem sentido

a forma mais eficiente de aliviar o que sentimos é arrancar o coração do peito e colocar no papel.

22 de abril de 2011

leite lúdico

contam os antigos que o leite condensado é tirado das vacas anãs que se alimentam de algodão-doce.


8 de dezembro de 2010

Faceirice


Quando a menina balançava a cabeça, o tilintar das pequenas peças metálicas penduradas nas orelhas, chegavam a fazer cosquinha no ouvido do pai babão.




6 de dezembro de 2010

Dia a dia

Acordei. Percebi o dia claro. Abri os olhos. Tive vontade de levantar o mais rápido possível, queria sair de casa. Precisava sentir o sol na pele, o vento no rosto, e por que não, a grama embaixo dos meus pés. O colorido da primavera era o cenário perfeito para o momento que eu iria viver dali a pouco. Esperei tanto e o meu medo era de que aquele momento passasse tão rápido que eu nem percebesse. E ele passou. Está passando e continua dentro de mim, como o cheiro da loção que meu avô usava nos encontros de família. Saí, caí na estrada. Cada passo que eu dava era como se eu fosse ganhando ainda mais força para prolongar aquele momento. Como quando escuto Miles Davis na esperança de que seus solos de trompete nunca acabem.

E agora estou aqui, nesta praça, feito uma criança que ignora os olhos dos adultos censurando a minha meninice.

Texto produzido em parceria com Kamil durante uma oficina de escrita de Renato Modernell.